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Entenda como a telemedicina funciona no Brasil e no mundo

Por:

Matheus Vilariño

- 07/07/2021

telemedicina

Ao contrário do que se pensa, a telemedicina está presente no mundo muito antes do surgimento dos computadores. Há evidencias que tal modalidade já acontecia durante a Guerra Civil Americana (1861 – 1865) através de telégrafos, os quais solicitavam medicamentos para os feridos. De lá até hoje houve uma série de avanços tecnológicos, como a internet, que revolucionaram esse meio. Atualmente, a pandemia de covid-19 impulsionou a utilização da telemedicina ao redor do globo, isto porque a exigência pelo isolamento social e a lotação de hospitais com casos de coronavírus exigiram que a Medicina encontrasse uma forma alternativa de assistir pacientes com outras patologias. No Brasil, por exemplo, até a pandemia a realização de teleconsultas não era autorizada, porém, a partir desse cenário pandêmico foi liberada.

A OMS define a telemedicina no sentido mais amplo da palavra, considerando toda e qualquer troca de informação entre profissionais da saúde via tecnologias de informação e de comunicação, para realizar diagnósticos, receitar tratamentos e prevenir patologias, além da atuação em pesquisas com fins educacionais para a área da saúde. É possível observar que cada país interage com esse recurso de acordo com sua realidade, tendo em vista fatores como rede de infraestrutura e aceitação dos médicos e dos pacientes. Por isso, baseado em um estudo do Instituo de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), vamos traçar um comparativo entre as telemedicinas em vários cantos do globo.

China

O país iniciou com o recurso de teleconsultas para atender pacientes que se residiam em áreas remotas, resultando numa economia tanto para o Estado quanto para as pessoas. Na China, o modelo foi utilizado para que houvesse comunicação entre hospitais rurais com centros de especialidade que, antes, eram pouco acessíveis pela grande distância. Com a pandemia de covid-19, houve um crescimento sensível desse tipo de recurso, grande parte pelo medo de contaminação pelo vírus. Assim como em sua origem, a diminuição das distâncias físicas, também, foi um fator que impulsionou o crescimento da telemedicina. Somente a empresa WeDoctor registrou, em fevereiro de 2020, 1,5 milhão de consultas online através de sua plataforma no país.

México e Estados Unidos

A telemedicina iniciou no México com foco para o diagnóstico de câncer de mama. Já nos Estados Unidos, o início da telemedicina foi concentrado em dar apoio para o Veterans Affairs Healthcare System, programa de saúde para os veteranos de guerra. Ambos os países buscavam reduzir o trânsito desnecessários dos pacientes para tratamento de doenças. Porém, os americanos também a utilizavam para atendimentos fora do horário comercial e para facilitação de agendamento e prescrição de medicamentos. Desta forma, o deslocamento para os centros de referência só ocorria quando havia necessidade de intervenção cirúrgica.

Atualmente, o governo mexicano está investindo na instalação de redes de banda larga para o todo o país, a fim de aumentar a capacidade dos teleatendimentos em momentos de pressão sob o sistema de saúde. Prevê-se que os servidores sejam capazes de suportar a análise de radiografias, a possibilidade de entrar em contato com equipes locais que orientam o funcionamento correto das ferramentas e, principalmente, entrar em contato com pacientes para diagnosticar e avaliar tratamentos. Esse movimento de aumento no número de ações com a telemedicina também se fez presente nos Estados Unidos, de acordo com McKinsey & Company o número de consumidores que adotaram a telemedicina saiu de 11%, em 2019, para 49% em 2020, ano no qual se iniciou a pandemia.

Austrália

As primeiras ações relacionadas à telemedicina no país foram utilizadas como um mecanismo de acompanhamento de um generalista para um especialista. Dessa forma, os profissionais e o paciente entravam em contato para que a situação fosse relatada, possibilitando um diagnóstico mais preciso.

Atualmente, de acordo com o estudo “How Australian Health Care Services Adapted to Telehealth During the COVID-19 Pandemic: A Survey of Telehealth Professionals”, cerca de 28% das consultas financiadas pelo governo são realizadas por telefone ou vídeo. O Australian Bureau of Statistics (ABS) relatou que um em cada seis australianos fizeram uso da telemedicina nas quatro semanas anteriores à pesquisa e 49% afirmaram que provavelmente usarão esse serviço no futuro. Isso demonstra como há uma forte tendencia de aumento no uso dessa ferramenta para atendimento, sobretudo durante a pandemia.

Brasil: um caso à parte

O país tem um enorme potencial pois possui proporções continentais, não há distribuição homogênea de centros de referência e o custo de transporte é alto. É válido ressaltar que a realização de teleconsultas até o início da pandemia era proibida pela legislação brasileira. Contudo, com o início da pandemia o Ministério da saúde – através da portaria n° 467/2020 – liberou temporiamente a prática das consultas remotas. Já ocorrem discussões para realizar a regulamentação definitiva da prática de teleconsultas entre médicos e pacientes, porém há divergências quanto ao formato de adoção desse recurso – o Conselho Federal de Medicina (CFM) solicita que a telemedicina seja utilizada apenas como retorno, ou seja, a primeira consulta ainda precisaria acontecer presencialmente.

Apesar disso, o Brasil já conta com polos funcionais de telemedicina. Uma delas é a Rede Universitária de Telemedicina – Rute, criada em 2006 com o objetivo de conectar hospitais universitários e seus setores. Ela funciona como um mecanismo de trocas de informação e conhecimento, atualmente já são 140 unidades em operação por todo o país.

É possível observar que a telemedicina no Brasil tem avançado, contudo ela ainda enfrenta barreiras que devem ser superadas em breve, como a proibição de teleconsultas no país. Contudo, percebe-se que esse mecanismo tem colaborado para um exercício médico mais eficiente.

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