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Atendimento particular: o que fazer para começar?

Por:

Lívia Siqueira

- 21/05/2021

Atendimento particular

Atendimento particular ou por convênio? Eis a questão com a qual todo médico, iniciante ou experiente, encara em um determinado momento de sua carreira. Apesar da dúvida, fato é que a rotina de consultas sem os vínculos com planos de saúde apresenta muitos benefícios para esse profissional.

O principal deles diz respeito à valorização do serviço prestado. A maioria dos convênios oferece uma remuneração abaixo do mercado na área de saúde, gerando grande desmotivação. Em março de 2021, a Federação Nacional dos Médicos (Fenam) divulgou o Piso Fenam, referência para o valor mínimo de consulta na medicina suplementar. O valor este ano ficou em R$ 197,79. Entretanto, este valor não chega a ser uma realidade, uma vez que as operadoras podem chegar a pagar a metade do piso por uma consulta para grande parte dos médicos.

Diante desse cenário, o profissional precisa atender mais pacientes por hora para que o retorno no final do mês seja suficiente para suprir as despesas (contas, salário da secretária e de outros ajudantes, em alguns casos o aluguel, a remuneração pelo seu próprio trabalho, entre outras).

Consequentemente, a jornada de trabalho se estende para além das oito horas convencionais. O tempo desprendido para cada consulta passa a ser insuficiente, o que pode comprometer a credibilidade do médico em médio e longo prazo.

A parte burocrática também tem destaque: no atendimento particular, o profissional não precisa se desgastar com as operadoras de saúde e com infinitas documentações/comprovações de cada atendimento.

Como dar os primeiros passos rumo ao atendimento particular?

Tendo em vista esse cenário, se você está pensando em iniciar suas consultas particulares, é preciso ter planejamento. Afinal, será sua responsabilidade, a partir de agora, precificar seus atendimentos. Isso engloba uma série de fatores, como o fato de não contar mais com novos pacientes, que descobrem seu nome nos guias de credenciados das operadoras. Portanto, para precificar sua consulta, lembre-se:

  • Do seu investimento pessoal – você se dedicou durante dez anos (ou mais) entre faculdade, especialização e residência, além de estar sempre se atualizando sobre as novidades de sua área de atuação e frequentando congressos e simpósios;
  • Do público que deseja atingir e atender – se você almeja um atendimento particular mais acessível, é inviável, por exemplo, colocar o preço de uma consulta a R$500. Tudo depende do seu objetivo e do perfil de seus pacientes;
  • Da especialidade que escolheu seguir – pesquise sobre o mercado na sua área. Quantos médicos de sua especialidade fazem consulta particular atualmente? Em qual região se concentram? Qual é a média de preço? Qual público esses profissionais atendem?

Mas ATENÇÃO! Especialidades cirúrgicas e que tenham foco em procedimentos auxiliares ao diagnóstico costumam ser mais dependentes de convênios para garantir o fluxo de pacientes;

  • Do investimento feito na estrutura de seu consultório – pense no local de atendimento; no conforto do ambiente; nos equipamentos; na tecnologia; na capacitação de seus colaboradores; despesas com manutenção etc.;
  • Da sua devoção ao paciente – o conceito de “percepção de valor” é essencial para o processo de precificação. Seu atendimento vai muito além do dinheiro gasto. A satisfação de seu paciente deve ser levada em consideração. Nesse sentido, atente-se à pontualidade, ao que está sendo relatado durante o atendimento, sem pressa, e procure esclarecer as dúvidas. Essa relação médico-paciente bem estruturada é o que dá sentido ao valor investido na consulta, por mais que seja acima da média. Lembre-se de que esse paciente, na maioria das vezes, tem plano de saúde, mas deseja ouvir a opinião ou ser acompanhado por um profissional que lhe foi indicado por alguém de confiança.

Em tempos de Telemedicina, como precificar a teleconsulta?

 Feito isso, é hora de pensar em estratégias para atrair pacientes. Para isso, é fundamental investir em seu atendimento, que vai além do seu contato com eles – passa também pelos colaboradores. Invista em treinamentos, no marketing e na construção de sua marca, seja ativo nas redes sociais, responda os comentários e, sobretudo, as críticas de seus pacientes, e cuide do pós-consulta.