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O voluntariado está no coração do médico

Por:

Guilherme Sargentelli

- 14/02/2021

voluntariado

Quando faz a escolha por cursar Medicina, muitos motivos podem nortear essa opção do jovem universitário. Certamente, uma das razões ou sentimentos que povoam o imaginário desse jovem é poder ajudar ou cuidar das pessoas. Em uma etapa de nossas vidas em que escolhas são feitas muito mais de forma intuitiva do que baseadas em um conhecimento pleno do que estamos escolhendo para nossas vidas, querer ajudar o próximo é um movimento legítimo de quem opta pela carreira médica.

Nesse contexto, o voluntariado está extremamente associado ao coração do médico. Desde a doação de algumas horas de sua agenda ao engajamento com ONGs ou projetos de vida voltados para o cuidado com o outro, todo médico sente-se impelido a ajudar.

Particularmente, sempre me senti muito motivado a participar de projetos sociais que tivessem um caráter de expedição, mesclando atendimentos, viagens e uma suposta aventura, como o extinto Projeto Rondon ou o ainda atuante Médicos Sem Fronteiras. O envolvimento com minha formação profissional, os compromissos de trabalho e os vínculos familiares, entretanto, sempre postergaram essa decisão.

Em busca de aventura

Porém, o ano de 2017 me proporcionou uma feliz comunhão de desejos. Por meio de um projeto dentro da DOC de divulgação exatamente de eventos que estimulavam o voluntariado, conheci o Doutores das Águas. Uma ONG que promove atendimento médico-odontológico às populações ribeirinhas da Amazônia por meio de seu barco-hospital. Pronto! Nada poderia ser mais oportuno: realizar meu sonho de participar de atendimentos a uma população carente da atenção regular dos níveis públicos de saúde. E, ainda por cima, um projeto dentro de uma região do país desconhecida por mim e com uma ideia que imediatamente nos reporta à aventura.

Foi uma semana espetacular. Vi cenários de uma natureza exuberante e que nos orgulha como brasileiros. Vi cenários sociais que, por outro lado, nos orgulham muito menos. Entretanto, pude atuar junto a meus colegas para reverter um pouco esse quadro. Trabalhei muito, me diverti muito e me senti feliz.

Mas o Doutores das Águas foi muito mais que isso. Não bastando atender completamente às expectativas de meu sonho, o projeto me apresentou uma equipe engajada com o princípio de fazer o bem ao próximo pelo simples prazer de fazê-lo e me redimensionou para uma perspectiva de Brasil muito maior do que a que eu já tinha. Enfim, navegar naqueles dias pelos rios da solidariedade foi uma experiência transformadora e fez de mim alguém melhor.

Talvez esse seja um dos maiores presentes do voluntariado: o bem que promovemos ao outro retorna diretamente para nós, fazendo-nos agentes sociais diretos de um mundo melhor para todos. Pense nisso!